sábado, 7 de fevereiro de 2009

Briguei com o além.

Briguei com o além.
João Batista – 06/02/2009.

Briguei com o além.
Me diga quem.
Tão estranho.
Tão estranho como o ser de fora.
Forasteiro como a semente do homem.
Fecundo, oriundo do ser.
Ser linear, unidimensional.
Ao mesmo tempo sem medidas,
Que se expande, alcança o infinito.
Triste na prisão de um corpo.
Briguei com o além.
Não queria voltar.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

vou cair

Vou cair.
João batista – 17/12/2008.

Senhor, não está vendo isso?
Estou pisando em folhas secas,
Há momentos que sinto que não vou agüentar.
Falta luz, meu caminho se torna perigoso,
E meu cair é mais constante que meu levantar.
E é nesses momentos que penso que vou me acabar,
Pergunto, não sou mais de seu coração?
O senhor endireitou todos os meus caminhos,
Mas não mexeu no mais perigoso, o caminho de minha perdição.
Se for para me deitar em leitos incertos, prefiro morrer.
Pois é melhor morrer do desagradar a Você.
Sim você, senhor é algo muito distante.
Se você não mudar isso, sinto que vou seguir meu coração.
E o que meu coração quer, para muitos é normal.
Mas meu espírito diz que não.
Tenho percebido que no seu agir, sempre fica algo de fora.
Para que? Não é melhor consertar tudo de uma vez?
Questiono, meu livre-arbítrio serve para isso.
Ah Deus! Meu corpo não serve como morada.
Ele é o centro do pecado, ilusão de um desejo proibido.
Escravo sem direção.
Devolva Deus meu, minhas manhãs ensolaradas,
Meus pensamentos estão perdidos, o caminho se torna estreito.
Se sua mão não segurar vou despencar.
Desistir se torna fácil, como é fácil o pecado que se aproxima de mim!
Tua brasa não arde mais tão forte em meu coração.
Minhas águas não são mais mansas.
Estão descendo o barranco, despencando.
Oh Deus! Quero voltar para as águas serenas.
Ter lembranças santas, erguer, subir, pegar sua melhor estrada.
Fugir do encanto, desse amor que nego tanto.
Que a cada dia se torna mais difícil de evitar.
E o evitar maltrata meu coração.
Deus, não me resta mais nada, só a esperança.
Esperança que seus olhos estejam acompanhando o meu caminho.
E no momento certo, suas mãos vão amparar a minha queda.
Espero que não fique nenhuma ferida aberta.
Por que por enquanto é a única forma que sei amar.
Você ainda não me ensinou a amar de outro jeito.
Meu caminho, meu rumo leva a esse leito.
Faça alguma coisa!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Pátria Amada Brasil

“Pátria Livre ou morrer pelo Brasil”
João Batista -12/12/2008

Saudade do que ficou.
De momentos loucos, inconseqüentes,
Dos anos setenta, dos anos oitenta.
De Maria Betânia, Gal Costa,
Caetano, Gil, de Geraldo Vandré.
E seu “Pra não dizer que não falei das flores”.
“É tão difícil olhar o mundo e vê que o amor não mais existe, de Roberto Carlos”.
Saudade da ingenuidade em meio ao caos.
Do olhar de desafio, diante de uma farda.
Saudade da noite no camburão.
Do coração na mão,
Saudade das perseguições, das fugas.
Das lutas comuns, do ser comunitário.
Do saldado, que com um pé na bunda me pós para correr.
Saudade do idealismo implantando em meu peito.
Do cigano bonito que me deu abrigo.
De seu cinema de lona passando “Um dólar Furado”.
De Giuliano Gemma, saudade de Jean Baez,
Do meu grande amigo Lutero,
De nosso amor livre na Rua Caetés.
Saudade do Adelson tentando ser homem, quando na verdade queria é ser mulher.
Saudade de Paulete Perigosa, enfrentando a polícia.
Do circo Transberlim, meu refúgio, minha segurança.
Tudo isso com chuva, lua cheia, frio e fome.
Cada morte um desafio, havia um ideal: uma pátria livre.
Queríamos morrer pelo Brasil.
Fui tanto menino e homem ao mesmo tempo. Desafiei.
Mas valeu a pena.
Hoje há liberdade,
O ir e vir está assegurado.
Só não esperava que o homem se tornasse uma ilha.
Fechado em si mesmo.
Não furei pneus de viaturas para isso.
Levei porrada e tampão no ouvido.
Por causa da coletividade.
É triste, o ser ficou individual.
Aí reside minha tristeza: Só aprendi a viver para coletividade.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Saudade de um amor.

Saudade de um amor.
João Batista Neres – 07/12/2008

Amor,
Desejo de morte, de dor.
Cruel desilusão, que machuca,
Destrói meu coração.
Momentos meus que foram seus,
Seu olhar deve ser um lindo olhar.
Amor,
Desejo que meus olhos sejam seus olhos,
Só assim você não veria mais ninguém.
Perder-se-ia em meu olhar, puro egoísmo e daí.
Morro a cada dia, a cada minuto.
Não prendi o seu olhar, mas meus olhos ficaram presos ao seu olhar.
Mesmo sem nunca tê-los vistos.
Amor,
Prometi a mim mesmo que não compraria tal sentimento.
Mas, por você valeria a pena dar tudo o que tenho,
E buscar mais, e mais, e entregar a você.
Só falta saber quem você é. Sem você não há vida.
Não há sentido na vida sem amor.
Olha, isso é uma ameaça, apareça logo, ou vou virar mendigo.
Pois o que trago no peito, é para alguém como você.
Encontrei muitos amores, mas o seu eu o perdi.
Perdi sem nunca te encontrar.
Por favor, liberta meu coração, ao passar por mim, olhe nos meus olhos.
E diga que é você, diga que não preciso mais sonhar.
Diga que não preciso mais olhar para o céu à noite a sua procura. Diga que você chegou. Chegou para ficar comigo.
Diga que você faz parte de minha realidade.
Fala amor que não mais andarei só, que meu caminhar será também o seu caminhar.
Sinto saudade de você, saudade de alguém que nunca se viu.
Mas sei que o tempo está correndo para nós dois.
E não importa quando, uma hora vou te encontrar.
Vou encontrar o amor de meus sonhos.

sábado, 15 de novembro de 2008

Leito sem verdades

Leito sem verdades
João Batista Neres - 02/11/2008.

Nesse leito de mentira a alma se inebria.
O corpo se queima em um desejo ardente.
É fácil se entregar ao prazer.
Não há pureza de sentimentos não há reserva.
É um leito somente para caprichos, lascívia.
Cativos de corpo onde não há lugar para o amor.
Nesse leito sem pudor, de arroubos o animal mostra sua essência.
A volúpia se esgota, a energia da carne de esvai.
Nesse leito de inverdades só há libidinagem.
Chega ser pornográfico, insensato.
Devassidão, lubricidade, luxúria sensualidade.
São dois corpos crus, selvagens, nesse leito sem conversa.
Nesse leito não há lugar para passividade.
Só há egoísmo, urgência de desejos.
O animal volta ao seu estado primal.
O corpo invade, não pede licença.
Destrói qualquer resistência.
Para satisfazer libido.
Nesse leito sem verdade não há palavras.
O objetivo é o prazer, somente prazer.
Satisfeito cada animal segue sem rumos, opostos, distantes.
Mas logo estará novamente a procura de novos corpos.
Pois não houve saci-amento de almas.
Somente de corpos.
O ser segue vazio.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Oração minha de cada dia.

Minha oração de cada dia.
João Batista Neres – 31/10/2008.

Deus meu que estas nos céus, na terra e em mim.
Santifico o teu nome no meu dia a dia.
Teu reino faz parte do meu ser.
Que tua vontade prevaleça em minha vida.
Em todos os momentos e em todos os lugares.
O meu pão que faltou um dia, não falte mais.
Dê-me ânimo para pagar minhas dívidas.
Estão perdoados todos os meus inimigos.
Que meus devedores, tenham com que me pagar.
Se eu cair em alguma tentação, que o Senhor não me deixe devedor.
Tu és Deus perdoador de meus pecados.
Que tua bondade permaneça em meu coração.
Que tua justiça seja minha justiça.
Que teu amor seja meu amor.
Que meu próximo seja o excluído.
Que o pobre seja meu amigo,
Para que eu jamais esqueça de minhas origens.
Que o transgressor veja em mim que vale a pena ser do bem.
Senhor dono de minha alma.
Me livre do homem mau.
Amém

domingo, 19 de outubro de 2008

Amor sem Rosto.

Amor sem rosto
João Batista Neres – 19/10/2008.

Meu olhar sem brilho, sem amor, sem paixão.
Meu corpo não satisfeito, carente de seu toque.
Minha boca sem o gosto de sua boca.
Minha mente pensando como seria o seu amor.
Acho que morrerei e não descobrirei seu sabor.
Meu amor não tem um rosto não tem corpo.
Meu amor é fantasia de mente,
Há vezes sou pintor, crio em meu ser sua aparência.
Um dia é um rosto novo que vi na rua.
Outro dia é alguém impossível para mim.
Não sei como achar meu amor, não sou de gueto.
Nicho nem pensar detesto separação.
Meu amor deve estar em qualquer lugar.
Segregação jamais. Somos iguais a todos.
Acharei você na multidão, a questão é onde.
Preciso com urgente de você, do seu sexo.
Não preciso mentir, não tenho tempo a perder.
Tem urgência em te encontrar,
Sem o vigor de minha mocidade, não há por que te encontrar.
Preciso de você agora, meu desejo quer se entregar,
E meu corpo não aceita se entregar por entregar.
Assim posso saciar-me a qualquer hora.
Mas prefiro minhas noites sem sono,
Sem paixão, pensando onde anda meu amor.
Digo que te quero, de você não me esqueço.
Eu te espero, você chegará,
Meu corpo, minha alma saberá quem você é.
E então tudo que há de bom em mim pertencerá a você.
Pois sei que será bom te pertencer.
E meu corpo vai saber o que é amar sem reserva.
E você vai abrir a porta de minha solidão.
E vai me amar, colocar sentimento dentro de mim, tirar o vazio.
E meu sorriso não será sem graça.
Brilhará e propagará seu amor.
Você estará em mim e eu estarei em você.
E então deixarei de procurar e,
Não vou mais pensar que o amor é utopia.
E meu existir dependerá de você.
Pois não quero ser mais livre. Quero ser de você.
Para sempre.