quinta-feira, 10 de julho de 2008

Senhor dono de mim:

Senhor dono de mim.
João Batista Neres Filho - 06/07/2008

Deus,
Expõe-me diante de Ti,
Minha intimidade pede socorro.
Não o sinto perto e de longe não quero te adorar.
O Senhor está calado, está trabalhando?
Quero o seu melhor então trabalhe comigo.
Teu silencio me incomoda, machuca meu coração.
Ah! Senhor sei que sou o culpado, tenho Te procurado pouco.
Então redobre meu ânimo nessa procura.
Coloque –me dentro de minhas medidas.
Para que eu possa ser grande em te adorar.
O erro está em mim e o Senhor é Deus, ajude-me a consertá-lo.
Ajude-me a romper a multidão que há em mim.
Para que eu possa tocar em suas veste.
Pois basta um toque de Ti para que tudo possa se tornar novo.
Não quero ser mais um vaso, quero ser o seu vaso.
Nesse momento seu vaso está trincado, então quebre-me de uma vez
E faça-me de novo, pois quero ser barro em Tuas mãos.
E ser seu vaso de honra.
Como sustentarei a Tua glória? Ensina-me novamente a te buscar.
Nesse momento de sua ausência sou mais um na multidão.
Toque-me Senhor enche meu espírito com sua glória.
Seja o autor e consumador de meus anseios.
Minhas células não se converteram a Ti.
Ensina-as e mostre a elas que o Senhor é dono de tudo que há em mim.
Que farei eu, se tudo desaba diante de mim?
Meu ser, minha essência, meu intimo, pede algo que não quero dar.
Renova seu ser em meu ser, purifica minhas entranhas,
Já estive em muitos leitos sem amor, e só me deram dor.
Em vez do fogo abrasador que dilacera minha alma.
Mande seu fogo santo para apaziguar minha carne.
Oh Deus! Como é difícil louvá-lo nesse momento!
Não vejo mais anjos, seu Espírito está longe mim.
Meu espírito trava batalha com a prisão que o retém: a carne.
Jesus tome o seu lugar, lute essa guerra em meu lugar.
Quero entrar pelas portas do seu céu aprovado por Ti.
Sem Ti, que serei eu?
Abre meus ouvidos para ouvir: Se o Senhor é por mim, quem será contra mim.
Abra as comportas de seu amor e inunda meu ser.
Pois só tenho a minha vida para entregar a Ti.
E quero entregá-la sem reserva.
Sou de Ti e de mais ninguém.
Ajude-me, Senhor.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Lembranças de Menino.

Lembranças de menino.
João batista Neres filho

Lembro de um menino.
Lembro de uns meninos.
Lembro de muitos meninos.
Lembro de um menino pequeno, buscando entender as coisas.
Lembro de uma mãe fraca, desfazendo dos suprimentos do lar.
Lembro de um menino que sonhava, só sonhava.
Lembro de uma casa, piso de taco.
Lembro de um menino que morava em uma casa de tacos sujos.
Lembro de um menino que sentia nojo desses tacos.
Lembro de um menino que via tanque com roupas sujas que também lhe dava nojo.
Lembro de um pai pedindo a esse menino para fazer a janta.
Lembro de um menino que não sabia cozinhar, mas cansado o pai comia.
Lembro da marmita que o menino preparava enquanto sua mãe dormia.
Lembro de um sonho que esse menino tinha, sonhava com outra casa.
Lembro de um menino que sonhava em não fazer marmita.
Lembro de um menino que sonhava com uma casa sem taco, sem cheiros de urina.
Lembro de um menino indefeso, mas que sonhava.
Lembro de um pai batendo em uma mãe alcoólatra, lembro do menino apavorado.
Lembro de um menino pegando ônibus descalço, sem camisa.
Lembro de um trocador (hoje é agente de bordo) brigando com esse menino.
Lembro de um menino indo buscar ajuda.
Lembro de um menino envergonhado, que nada entendia.
Lembro de um menino roubando sabonetes de sua tia, pois detestava cheiro de sabão comum.
Lembro de um menino na janela do vizinho, assistindo televisão.
Lembro de um menino tomando ovos quentes na escola, quase cru.
Lembro de um menino que precisa vencer a desnutrição.
Lembro de um menino que trancava seus cadernos para que seus irmãos não rasgassem.
Lembro de um menino que se matriculava sozinho, pois sabia que precisava estudar.
Lembro de uma irmã que casou e foi embora
Lembro de um menino pensando em arrumar um homem para casar e ir embora também.
Lembro de alguém explicando a esse menino que homem não casava com homem.
Lembro de um menino querendo ser grande, ser rico.
Lembro de um menino que odiava a pobreza.
Lembro da alegria desse menino por ter passado na prova do SENAI.
Lembro do primeiro emprego desse menino em uma banca de revista,
Lembro que lá esse menino descobriu a leitura, e sonhava e sonhava.
Lembro de um menino que se tornou homem, que se fez sozinho.
Lembro também que mesmo já homem, mesmo com tudo que a vida lhe deu,
Esse menino que hoje é um adulto nunca deixou de sonhar.
Pois, tudo que esse menino procurou e ainda como adulto continua a procurar é o amor.
Mesmo comprando alguns “amores”, esse hoje homem continua a buscar.
Pois, mesmo com tudo que a vida lhe deu, ele só não aprendeu uma coisa:
Que amor não se compra se dá.

Olhos de Taís

Taís:
João Batista Neres

Ah! De você ficará somente uma imagem.
Imagens inertes, perpetuadas no tempo.
Seus olhos, de cor de mel falam.
Procuro neles algo que denunciam algum relance de sua personalidade.
Falam uma linguagem que não entendo.
Vejo um quê de pureza, algo de porto seguro.
Olhos penetrantes, que sonda alma.
Jamais vi olhos como os seus!
Deus meu, quando penso que já estudei tudo a seu respeito.
Tua majestade coloca tais olhos diante de mim.
Para nós poetas, os olhos são “as janelas da alma”.
São janelas de Taís.
Ah senhorita!
Que me conta seus olhos? Pureza?
Contam algo de bom, como bardo dou-me o direito de errar.
Afinal o que seria a vida sem os olhos da Taís?
Deus quando cria, coloca perfeição.
Exagerou. Seus olhos foram desenhados.
Os traços de Deus são perfeitos.
Encheu tal cavidade com mistérios.
Com o contato a aura do mistério se desfaz.
Mas jamais esquecerei de tais olhos.
São olhos que contam sonhos, saber...
São olhos de Taís.

Minha mãe

MINHA MÃE
JOÃO BATISTA NERES FILHO

Mulher forte, guerreira, isolada em seus sonhos,
Fala da dor física, mas mantém a dor da alma escondida,
Diz que não conheceu o amor, ainda menina entregou sua pureza a um homem.
Mulher que não foi permitido sonhar,a vida não lhe deu essa oportunidade.
Mulher que foi humilhada, tripudiada, e envergonhada,
Mulher que por um momento se julgou fraca e sem força e decaiu
Mulher que se levantou das cinzas, como fênix que nunca morre.
Mulher julgada tola por todos, mas a mais sabias de suas irmãs,
Mulher que se sujeitou ao homem rude, mas por amor de seus filhos
Manteve-se fiel.
Mulher que passou fome, que aceitou migalhas e se humilhou para proteger sua prole,
Mulher tão amada por Deus, que ele lhe confiou dez de seus filhos
E lhe tomou dois de volta, para testar seu coração.
Mulher que sofre calada e possui uma tristeza que eu ainda não entendo
Mas que isso fique escondido, esse direito ela tem.
Mulher intrépida, corajosa, cuidadora de almas.
muitas vezes incompreendida.
Mulher que nos meus primeiro passos a vi indefesa sendo esbofeteada na cara como Jesus também o foi.
E só mais tarde vim saber que aquele homem era meu pai.
Mulher que na minha pequinês me fez revoltado com sua passividade como apanhar calada?
Hoje sei que era para não assustar seus filhos
Mulher tão diferente de mim e ao mesmo tempo tão semelhante,
Duas almas de gênios, de línguas afiadas, forte como tronco de arvore centenária.
Mulher com quem brigo, mas a única que amo.
Mulher a qual me fez afastar para não vê-la sofrer.
Mulher que hoje me preocupa, pois vejo sua vitalidade diminuindo,
Não tenho forcas para vê-la encurvada.
Mulher virtuosa, que por um momento teve sua honestidade colocada a prova, mas de novo deu a volta por cima.
Mulher que eu acho que fala de mais, e daí pior seria se falasse de menos.
Enquanto fala sei que esta viva,
Continuarei brigando com ela, pois o dia em que eu parar é por que Deus a levou e quando isso acontecer vou continuar não amando ninguém, pois não existirá mais mulher que ocupe seu lugar.
Por isso mamãe mantenha-se viva , assim eu vou ficar bem.